Jogo Dragon Quest I & II HD-2D Remake, PlayStation 5 - SE000281PS5

O Dragon Quest I & II HD-2D Remake, no PlayStation 5, é mais que uma releitura nostálgica: é um encontro afetuoso entre dois marcos históricos da série e uma estética moderna que dão nova vida às jornadas de Alefgard e Taller Micha. Para quem acompanha o gênero, a experiência combina a pureza de jornadas em 16 bits com um refinamento visual contemporâneo, sem perder a essência de exploração, decisões estratégicas e aquele arventureiro persistente que marcou os originais.

O que você encontra aqui

Em termos de conteúdo, o pack acompanha a campanha completa do Dragon Quest original e sua sequência direta, com uma história de continuidade que interessa principalmente a fãs. A ênfase em escolhas e recados permanece como um sopro dos primeiros RPGs, o que pode exigir uma postura paciente e mais observadora — especialmente para quem não veio do classicismo. Na prática, não é linear nem cerimonioso e, por isso, permite que a curiosidade do jogador chore a rota.

HD-2D: estética com propósito

A direção de arte é o coração do remake: um “HD-2D” que reconstrói cenários e personagens com sprites 2D sobre ambientes 3D iluminados, criando uma leitura visual clara e elegante. Há um contraste interessante entre o “quadriculado nostálgico” e a profundidade das sombras, sem. O sensível está aqui, o jogo não força: a fotografia das cenas e a cadência dos diálogos deixam o jogador “ver” o mundo, em vez de “decore” rotas de menu.

Exploração e navegação

A experiência de exploração entrega exatamente o que promete: caminhadas por mapas sobre um “grid” em retângulos e “tiles” familiares. O design de níveis, com cidades, dungeons e um “overworld” aberto, remete ao talvez-padrão clássico, mas não parece datado. O “warp” retorna como atalho opcional e contribui para o jogo ser mais fluido sem diluir o sentido de risco nas jornadas, de modo que o jogador pode organizar o ritmo entre sessões curtas ou maratonas mais consistentes.

Combate e sistema

O “turn-based” se apresenta com um ritmo que “respiração controlada” favorece. As habilidades de personagens e a progressão de XP competem com uma gestão de recursos que, sem ser punitiva, convida a observar a economia de MP e os tempos de recuo. A IA de aliados reage de maneira confiável, o que reduz a microgestão quando você quer apenas avançar e, ao mesmo tempo, oferece a chance de customizar a estratégia quando o desafio exige mais cuidado.

Audição e música

Koichi Sugiyama participa com a música histórica da série, e o resultado, em sua maioria, é um aconchego afetivo: temas de cidades, mas principalmente de dungeon, se adaptam à paleta sonora do PS5, sem perder a “doçura minimalista” que os originais carregam. A instrumentação e os timbres utilizados, por vezes, não são intrusivos, o que abre espaço para que o jogador ouça o som dos passos em um corredor ou o “clique” de um baú sem um ruído mixado gigantesco por cima.

Performance e tecnologia (PlayStation 5)

No PS5, a entrega técnica é robusta. O jogo se apresenta na prática com estabilidade consistente em resolução 4K, sem quedas abruptas e com carregamentos incrivelmente ágeis. Não encontrei travamentos e o ajuste de taxa de quadros (quando disponível) muda o tom do combate sem fissurar a navegabilidade. Em síntese, não há fricções que inviabilizem a experiência em consoles da geração atual.

Configurações e acessibilidade

O menu oferece opções essenciais: velocidade de texto, alternância de fontes, assistência automática para ações simples e, sobretudo, um “save” que autoriza o retorno sem perda de emoção. Não é um título de acessibilidade gigante com múltiplas camadas, mas sabe responder ao que o público classicista busca: opções de uma linha, com o foco em “não atrapalhar”.

Experiência de local para quem joga no Brasil

A tradução e dublagem, em linhas gerais, não desnaturalizam o humor da série, que costuma ser leve e carismático. O que mais impressiona é que o jogo deixa o ritmo, a ironia e a simplicidade de “diálogo em janela” funcionarem no presente. O resultado é o oposto de um “faroeste” textual: a leitura é fluida, com sentimento, sem que a gramática pareça. E isso, para muitos, é um alívio.

Conclusão

Se o objetivo é “refrescar” duas jornadas que marcaram a história dos RPGs com uma estética inteligente e um desempenho sólido, o Dragon Quest I & II HD-2D Remake no PS5 cumpre. É impossível não recomendar para quem quer viver um “hiato afetivo” com Alefgard e Taller Micha sem, ao mesmo tempo, abdicar de um visual e de uma performance que fazem sentido no presente.

Quem deve comprar

  • Fãs do estilo HD-2D que curtem a síntese entre nostalgia e modernidade
  • Quem deseja playthroughs em sessões curtas, com save-anywhere
  • Jogadores que preferem combate “turn-based” com ritmo previsível e claras decisões
  • Colecionadores que valorizam conteúdo adicional de conceptualização e trilha sonora

Quem deve avaliar antes

  • Quem busca narrativas de alta densidade dramática
  • Jogadores que não são adeptos de “grid-based” ou enfrentamentos aleatórios
  • Quem sente estranheza com a estética 2D em ambientes 3D

Prós e contras

  • Prós: direção de arte afiada; performance estável; save flexível; progressão clara; trilha marcante
  • Contras: escalonamento de difficulty pode variar no pós-jogo; diálogos curtos podem deixar quem busca narrativa mais detalhada com vontade

Veredito final

Este remake demonstra que a força do Dragon Quest I e II não está no grand finale, mas no modo como a jornada desenha o jogador: em passos, em decisões, em uma visita ao “overworld” onde uma curva de morro pode ser uma promessa. O HD-2D, então, não édecoração: é um fio que cose o passado e o presente, sem as vergonhas de ambos. Se isso faz sentido para você, vale a entrada, PS5 à mão, e o coração aberto para a simplicidade de um cliffhanger que acontece em um mapa quadrado e um bêbado que sussurra. O jogo é, para além de tudo, convidativo. E isso, no fim, é o que sustenta.